Não sei por onde começar… Talvez seja melhor começar
pelo princípio:
Ontem acordei com um
pressentimento estranho, não é normal acordar às três da manhã a ouvir a minha
mãe ao telefone com a tia. A partir de então estava com uma dificuldade em adormecer
imensa. Depois de duas horas à espera que a minha mãe me viesse acordar,
perguntei-lhe o que estava a decorrer. Ela disse-me que a tia ligara a chorar,
dizendo que o meu primo tinha sido encontrado morto num bote. Também disse que,
felizmente, ela tinha sido salva e estava prestes a regressar a Portugal.
Fiquei muito feliz por ela, mas chorei tanto, tanto pelo meu primo, que nem é
bom pensar.
Os
meus pais sugeriram que era melhor não ir à escola, mas eu teimei em ir. Que
erro que acabara de cometer, pois passei o dia inteiro a pensar como estava a
tia e o meu priminho.
Cheguei
a casa estafado e vi que a minha mãe me aquecia o almoço. Questionei sobre o
pai e ela disse que foi buscar a tia ao aeroporto e que só regressava muito
tarde. A fome era pouca e nem metade do almoço comi, sempre a pensar no mesmo.
À noite
não conseguia adormecer com um motivo bem óbvio. Matutava sempre nas perguntas:
Porque me calhou a mim? Que mal fiz eu, para merecer isto? A forma como este
dia acabou levou-me quase à descrença. Cada memória daquele início de dia
trazia ao coração um aperto estranho, desconfortável. Sentia um vazio tão
grande que parecia que me tinham roubado tudo aquilo que ninguém me podia ter
tirado. E o pior… era que o coração queria que te levantasses do dia para a
noite, mas a razão sabia que as coisas não se iam resolver assim. Não tinha
alma, não tinha espírito, não tinha aquela paixão que me faz sentir quando não
penso com o coração. Mas aos poucos fui-me levantando.
Sabem
qual é o nosso grande erro? Adiarmos aquela conversa, aquele pedido de
desculpas, aquele perdão, aquele beijo, aquele reencontro, só porque achamos
que amanhã ainda estaremos cá todos. Esse é o erro. Não deixem nada para amanhã.
O amanhã pode não chegar…
Diogo Duarte, Nº5, 6ºC
Sem comentários:
Enviar um comentário