Ilse Lieblich Losa, foi uma escritora
portuguesa de origem alemã e de ascendência judaica. Nasceu a 20 de março de
1913, em Bauer, uma cidade perto de Hanover, no Norte da Alemanha. A primeira
infância foi passada com os avós paternos. Mais tarde, foi viver com os pais e
irmãos, tendo completado os estudos liceais em Osnabrück e Hildesheim e no
Instituto Comercial em Hanover. Quando tinha cerca de 16 anos a família teve
dificuldades financeiras: após a morte do pai o dinheiro não era suficiente
para as despesas. A jovem Ilse partiu então para Londres para aperfeiçoar o
inglês; tomou conta de crianças e frequentou uma escola durante um ano. Ao
regressar à Alemanha os partidários de Adolf Hitler começavam a dominar o país.
Tentou estudar e trabalhar em Berlim, mas como era judia foi perseguida pela
Gestapo e teve de fugir do país para não ser levada para um campo de
concentração. O facto de ter sido submetida a um esgotante interrogatório, em
1934, deve ter condicionado a decisão de se exilar porque, nesse mesmo ano
(recorde-se, o ano que Hitler tomou conta do poder) chega a Portugal. O resto
da família seguiu o mesmo itinerário e ela por aqui ficou, ao ter casado com o
arquiteto Arménio Losa e adquirido nacionalidade portuguesa. Teve duas filhas.
Radicada na cidade do Porto, foi nos finais da década de 40 que a “Vértice”
e depois “Os nossos filhos” e a “Seara Nova” lhe publicaram os primeiros
trabalhos. A sua obra inclui romances, contos, crónicas, trabalhos pedagógicos
e literatura para crianças. É conhecida principalmente pelos seus livros para
crianças e pelo seu livro sobre as memórias das perseguições aos judeus com o
título "O Mundo em que vivi” (1943).
Paralelamente à sua atividade de escritora desenvolveu outras ocupações
quer no domínio da tradução, quer como colaboradora em jornais e revistas.
Trabalhou também para a televisão criando séries infantis.
Além da sua própria obra, Ilse Losa deixa-nos um conjunto de importantes
traduções, quer de autores alemães, quer de escritores portugueses que traduziu
para a sua língua natal. É ainda dela a tradução portuguesa do célebre Diário de Anne Frank.
O livro "A Quinta das Cerejeiras" teve o Prémio Gulbenkian de
Texto em 1982.
Em 1984 recebeu o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra para
crianças.
Em 1989, vê o seu livro “Silka” ganhar o Prémio Maçã de Ouro da Bienal
Internacional de Bratislava pelas ilustrações de Manuela Bacelar.
Em 1991 foi condecorada pelo governo Alemão, resultado da publicação, em
1990, da tradução alemã de "O Mundo em que Vivi".
Em 1995 Portugal outorgou-lhe a Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1998 recebeu o Grande Prémio de Crónica, da APE (Associação Portuguesa
de Escritores) por “À Flor do Tempo”.
Faleceu no Porto, em 6 de janeiro de 2006, com 92 anos.
José Carlos Nogueira Lopes 5º C
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